O assédio sexual e o assédio moral no local de trabalho, enquanto formas de atentar contra a dignidade das pessoas, não podem ser desvinculados de formas mais genéricas de desigualdade de acesso a recursos, poderes e prestígio. Por um lado, o mundo do trabalho não está imune a uma ordem de género e uma ideologia de género que reproduz desigualdades entre homens e mulheres. A vulnerabilidade às desigualdades de género é um fator fundamental para a promoção das situações de assédio, porque permitem a desvalorização simbólica e objetiva do lugar ocupado pelas mulheres. Tendo em consideração os mais recentes dados sobre assédio sexual e moral no trabalho em Portugal (Torres et al, 2016), podemos dizer que estes fenómenos fazem do local de trabalho um palco de reprodução de crenças e de práticas de desigualdade de género marcadamente penalizadoras das mulheres.
Fonte: CITE